Rec-Beat 2025: diversidade sonora e performances marcantes de Getúlio Abelha e Os Garotin na segunda noite do festival

Segunda noite do festival também recebeu a tradição do Afoxé Aganju Aséobà e a música eletrônica de Catu Diosis e do duo Lander & Adriaan

Getulio Abelha @ Recbeat 2025 por Luana Tayze
(Foto: Luana Tayze/ Divulgação)

A segunda noite do Rec-Beat 2025 trouxe mais surpresas para o público recifense. Como de costume, o festival apostou em atrações pouco conhecidas, mas bastante afinadas ao gosto de quem passava pelo Cais da Alfândega.

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A primeira atração da noite – e responsável por guiar o público durante os intervalos entre apresentações –  foi a DJ Gabnaja, artista da cena underground de música eletrônica do Recife, conhecida pela mixagem marcada por gêneros latinos, vertentes do funk e elementos do Pop. 

Afoxe Aganju Aseoba @ Recbeat 2025 por Luana Tayze
O Afoxé Aganjú Aséobà (Foto: Luana Tayze/ Divulgação)

O Afoxé Aganjú Aséobà, vindo do bairro de Afogados, foi a primeira atração da noite e rendeu homenagem a Xangô. Trajados de branco e vermelho, o grupo trouxe dança, canto e uma percussão potente e carregada de fé. O grupo trouxe músicas autorais e apresentou canções da MPB que trazem símbolos e significados do povo de santo, como “Emoriô”, de João Donato. Com letras e ritmos diferentes em cada, a mensagem do Afoxé continua uma só: mais respeito ao povo de santo e cada vez mais combate à intolerância e ao racismo religioso.

Após o Afoxé, subiu ao palco o duo belga Lander & Adriaan, que tem como proposta central a união entre Synths e a bateria orgânica como instrumentos de música eletrônica ao vivo. O duo surgiu durante o período pandêmico de 2020 e lançou seu primeiro disco – autointitulado – em 2022. Sua sonoridade combina elementos de dance music dos anos 1990 – como o house e drum’n’bass -, jazz fusion e improvisação, resultando em uma proposta musical dinâmica e de pegada minimalista do ponto de vista técnico, mas muito interessante musicalmente falando.

Com um público tímido nos primeiros minutos do show, logo os belgas conquistaram o Cais da Alfândega e atraíram olhares e ouvidos daqueles que passavam pelo palco, ou os que aguardavam outras atrações. No final do show, Lander e Adriaan só saíram do palco depois de atender o pedido de bis do público. 

Getulio Abelha @ Recbeat 2025 por Luana Tayze 2
Getúlio Abelha e seus bailarinos abrem o show com a perfomance de “Freak” (Foto Luana Tayze/ Divulgação)

The sad clown of forró

Com uma plateia ansiosa para seu show, Getúlio Abelha subiu ao palco com gritos e aplausos. Já familiarizado com a atmosfera do Rec-Beat, do qual já participou em 2021, “the sad clown of forró”, como ele se autodenomina, afirmou estar “em casa”, na sua volta ao festival.

“O Rec-Beat foi um festival que abriu portas para mim dentro de Recife. O público se abriu para mim e eu me abri para o público através dele [o festival], então é como se fosse voltar para casa […] e estou ansioso para mostrar a evolução do meu trabalho”, afirmou o cantor à Revista O Grito!.

Aliás, evolução e mudança são palavras-chave no conceito do novo disco do artista piauiense, o álbum Autópsia, lançado dia 14 de fevereiro deste ano. O álbum – que teve metade de suas faixas lançadas previamente no formato de EP – canta sobre reflexões e questões de autoanálise vividas por Getúlio nos últimos anos com mudanças na sua carreira.

“Eu acho que [o público] pode esperar da segunda parte mais misturas que não estiveram presentes na primeira. Eu acho que, de algum modo, cada faixa faz uma mistura inusitada”, respondeu quando perguntado sobre o que os fãs podem esperar da segunda metade do disco, que ainda não tem previsão de lançamento.

Getulio Abelha @ Recbeat 2025 por Luana Tayze 3
Johnny Hooker foi convidado surpresa do show (Foto: Luana Tayze/ Divulgação)

Getúlio Abelha performa um misto de apresentação musical com peça teatral e número de comédia, a depender da faixa. Engraçado em quase todos os momentos, e enérgico sempre, o artista e seus bailarinos não só performam como também encenam cada música, como se cada uma delas fosse uma história diferente, com direito a mobília cenográfica e tudo mais, com um repertório que trazia músicas do novo disco, como “Cospe ou Engole”, parceria com trio de funkeiras Katy da Voz e as Abusadas, até os clássicos “Laricado”, “Tamanco de Fogo” e “Voguebike”.

Para surpreender o público pernambucano, Getúlio trouxe ao palco o pernambucano Johnny Hooker, com quem performou “Sinal Fechado” e “Amante de Aluguel”. Sem se desfazer da teatralidade, o cantor encerrou o show se jogando aos braços do público, sendo carregado pelos bailarinos, que estavam em meio à plateia.

A penúltima atração da noite, Catu Diosis é uma das atrações trazidas do continente africano para a 29ª edição do Rec-Beat. Reconhecida internacionalmente, a DJ e produtora ugandense centra sua arte nos gêneros contemporâneos da música africana, além de buscar referenciar outras mulheres do continente africano que produzem música eletrônica. Ao longo do set, a artista também navega entre samples do pop e do rap norte-americano. 

Catu Diosis @ Recbeat 2025 por Luana Tayze 3
Catu Diosis (Foto: Luana Tayze/ Divulgação)

O groove dos bailes: Os Garotin encerram a noite

Encerrando os shows da noite, o trio carioca Os Garotin subiu ao palco para se apresentar pela primeira vez no Rec-Beat e no Recife. Formado por Anchieta, Leo Guima e Cupertino, o grupo recupera sonoridades dos bailes black cariocas – em Recife conhecidos como “baile charme” – que tiveram seu auge nos anos 1970. Donos de um carisma contagiante, o grupo mistura elementos de pop, rap, R&B para cantar sobre amor e relacionamentos. 

Mesmo em uma plateia lotada, alguns fãs conseguiram espaço o suficiente para lançar o passinho em grupo e acompanharam em coro o show, que tinha repertório do único álbum do trio, Os Garotin de São Gonçalo, lançado em 2024, que rendeu três indicações ao Grammy Latino (Melhor Álbum Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, Artista Revelação e Melhor Álbum de Engenharia de Gravação), além de conter os maiores hits do grupo como “Zero a Cem” e “Calor do Momento”.

Os Garotin @ Recbeat 2025 por Luana Tayze 3
Cupertino, Leo Guima e Anchietx no palco do Rec-Beat (Foto: Luana Tayze/ Divulgação)