Monólogo “Nasci pra ser Dercy”, com Grace Gianoukas, anuncia datas no Teatro de Santa Isabel

Dirigido por Kiko Rieser, o monólogo presta homenagem a Dercy Gonçalves e o jeito de fazer humor genuinamente brasileiro criado pela atriz

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(Foto: Heloísa Bortz/ Divulgação)

O monólogo Nasci pra ser Dercy, estrelado por Grace Gianoukas e escrito e dirigido por Kiko Rieser, presta uma homenagem a Dercy Gonçalves, uma das maiores atrizes do século 20. Com a peça, Grace Gianoukas foi vencedora dos prêmios SHELL e APCA de melhor atriz (2024), entre outros, e Kiko Rieser vencedor do Prêmio Bibi Ferreira (2023), na categoria Melhor Dramaturgia Original. Agora, o espetáculo se prepara para vir ao Recife nos dias 10 e 11 de maio no Teatro de Santa Isabel. Ingressos já estão a venda no site da produtora Ventilador de Talentos e no Sympla.

O texto busca unir o apelo popular e o carisma de Dercy através de uma profunda pesquisa, a peça mostra a importância, muitas vezes ignorada, da atriz para o teatro brasileiro e para a liberdade feminina, bem como sua inquestionável singularidade. 

Desbocada e defensora da mais profunda liberdade, era muito recatada em sua vida íntima, chegando a se casar e enviuvar anos depois ainda virgem. Contestava frontalmente a censura da ditadura militar, mas se recusava terminantemente a levantar bandeiras políticas específicas que não fossem a da irrestrita liberdade e do respeito a todas as formas de existir.

“Quando eu nasci, o Brasil já gargalhava com Dercy Gonçalves. À medida que eu fui crescendo, fui assistindo a seus trabalhos no cinema, na TV, suas participações memoráveis nos programas de auditório… No final dos anos 80, a partir de uma sugestão da atriz Christiane Tricerri, fui convidada pelo Jornal da Tarde para, ao lado de outras atrizes comediantes, assistir ao show de Dercy no teatro e conversarmos com ela no final. Foi ótimo! Ela nos tratou com muito carinho e disse uma coisa que eu nunca mais esqueci: ‘Evitem ficar tirando a roupa em qualquer trabalho. Enquanto vocês são jovens, muitas vezes a nudez é só exploração da imagem feminina, é só chamariz, não tem nada de arte. Deixem pra ficar nuas quando tiverem a minha idade. Uma velha nua é uma transgressão, traz questionamento, e isso é arte”‘, diz Grace Gianoukas.

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(Foto: Heloísa Bortz/ Divulgação)

A atriz se consagrou como vedete do Teatro de Revista, mas sua maior contribuição ao nosso teatro se deu ao levar essa expertise para a comédia popular, que ela revolucionou inteiramente, trazendo textos fundamentais para o Brasil e instaurando uma nova forma de interpretar, que rompia com todos os padrões e inaugurou em nossos palcos uma representação genuinamente brasileira.

“Quando criança, eu queria que Dercy fosse minha avó. Acho que nunca havia visto até então, como tampouco vi depois, uma pessoa tão autêntica quanto Dercy Gonçalves. Faço parte da última das diversas gerações que Dercy atravessou e influenciou em 101 anos de uma vida intensa e prolífica, e é claro que descobrir uma senhora emplumada no alto de seus 90 anos mandando ‘tomar no cu’ quem lhe desse na telha e se dirigindo ao presidente da República com um ‘ô, cara’ tinha um sabor especial de transgressão. O estigma da ‘velha louca que fala palavrão’ me fascinou.”, afirma Kiko Rieser.