Pouco depois de voltar da sua primeira tour internacional pela Europa, Jadsa anunciou o lançamento de seu próximo e aguardado álbum solo. big buraco chega às plataformas em maio, via selo RISCO. Uma primeira amostra do que vem por aí chegou com o single “big bang”, faixa que ganha uma versão audiovisual nesta terça, 08 de abril.
Seguindo o caminho traçado pela música, que evoca desejos básicos como comer e dormir bem, os visuais de “big bang” acompanham o que parece ser um dia comum na vida. A escolha narrativa, somada ao look despojado e natural de Jadsa, conduz a um vínculo de intimidade e identificação do público com a artista, que traz o espectador para perto e para o diálogo, ora cantando, ora compartilhando momentos corriqueiros: tomando um café, fumando um cigarro, andando pela cidade.
Ao longo do vídeo, Jadsa também aparece olhando para o horizonte, para os lados e para cima, como quem está à procura de algo. Essas imagens traçam um pouco do contexto de composição da canção. “Compus a letra e melodia de “big bang” quando estava voltando a morar em São Paulo depois de uma temporada em Salvador, minha cidade, durante a pandemia. Era um momento ainda incerto e eu queria muito acreditar nesse movimento que eu estava fazendo, mais uma vez, por causa da música. Então, essa faixa é o registro de um desejo bem básico, eu diria, mas também um mantra, um amuleto. É uma música que diz muito sobre o disco que tá vindo, não só sonoramente, mas sobre os motivos dele existir e o que quero com ele.”, pontua.
Curiosamente, o desterro deu um jeito de se tornar um elemento presente no processo audiovisual de “big bang”. Não estava nos planos gravar um clipe durante uma tour pela Europa, mas, como diz a letra de “big bang”, “as coisas acontecem como querem” e a oportunidade surgiu em Berlin. O responsável pelas imagens foi o artista colombiano Alejandro Tafur Fernandéz.
A locação foi o bairro onde Jadsa estava hospedada e também se apresentou: o distrito de Kreuzberg, reconhecido pela grande população de imigrantes. Tal cenário, despropositadamente, reforçou o sentido de criação da obra, dando novos delineamentos e traçando paralelos poderosos e provocativos entre os diferentes movimentos de êxodo em busca de uma vida melhor. Sem romantismos, o sucesso nessa missão, no entanto, enfrenta uma série de desafios estruturais e/ou de conjuntura política.
Pensando na postura da indústria fonográfica e de entretenimento, por exemplo, como ter êxito quando números, performances e investimentos precisam ser “bigs” para determinar relevância? O desejo de “viver bem, comer bem e dormir bem” a partir do fazer artístico, certamente, atravessa os sonhos da maioria dos artistas independentes, mas como visualizar horizontes possíveis? Para Jadsa, a resposta está na simplicidade enquanto trilha para continuar “fazendo o certo independentemente”.
