João Montanaro

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João Montanaro (Foto: Divulgação)

DE MENOR
Com apenas 12 anos, João Montanaro critica política e sociedade em tiras
Por Lidianne Andrade

Com uma folha de papel e lápis na mão, João Montanaro viaja. Se vem uma ideia na cabeça, abre seu caderno de rascunho e esboça a futura tirinha ou charge no fim da tarde, quando cobre com tinta aquarela e digitaliza no scanner. Uma arte trabalhosa, diga-se de passagem. “Não gosto de Photoshop, prefiro desenhar, mesmo tendo mais trabalho. O Carranza [amigo e também desenhista] me ensinou a mexer com aquarela e gostei”, conta o jovem promissor.

Com 12 anos, pouco poderia se esperar nas tirinhas quase diárias publicadas no blog do João. Afinal, ele nasceu em 1996 e, e como fato histórico mais marcante o qual ele pode ter recordações vivas são o ataque das torres gêmeas em 11 de Setembro de 2001. Mas, contrariando sua época cultural, João vem ganhando notoriedade no meio do desenho autoral nacional pela sua peculiaridade em retratar temas: fala da Ditadura Militar, a televisão brasileira e até a política nacional. O destaque fica com uma tirinha em que diz ter visto um filme de terror, referindo-se ao programa Domingão do Faustão. Temas um tanto quanto complexos para os quase treze anos, aniversário este mês, e cursando a oitava série.

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João Montanaro (Foto: Divulgação)

Menino prodígio
Olhares mais atentos em revelar talentos devem ficar ligados nas criações de João. No currículo apenas a publicação na revista MAD, mas já ganha olhares e repercussão nacional. Foi tema de colunas, matéria e recebe elogios rasgados do Orlando Pedroso, ilustrador da Folha de São Paulo. “Meu sonho é trabalhar lá, mas acho muito difícil, mas vale a pena tentar.”, comenta Montanaro.

Para chegar a ser conhecido, seu único esforço foi fazer um blog. Os amigos vieram aos poucos, por gostarem da arte peculiar e crítica incisiva. “Desenho sobre o que gosto e vejo. Procuro saber de tudo e que eu gosto vou lá e desenho. Falei sobre um homem castrado, mas nunca perdi meu saco, mas achei a piada legal”, brinca. Reconhece que sua temática às vezes foge à sua faixa etária. “Uma vez fiz uma tira sobre o Led Zeppelin. Mostrei pro pessoal da escola, eles falaram: o que é Led Zeppelin?”, conta reconhecendo seu gosto realmente apurado. Entre as preferências musicais, os clássicos Pink Floyd, ACDC, ABBA, entre outros. Não estão descartados os artistas do seu tempo como 50 Cent e Akon, segundo o mesmo fez questão de ressaltar em entrevista a Revista Grito!.

A simpatia pelo desenho veio de uns dois anos pra cá. Desde pequeno teve em casa uma boa influência em leitura, quando o pai, o editor de livros Mario Montanaro lhe mostrava tiras de Angeli, Laerte, entre charges e quadrinhos. Como toda criança, leu muito super herói, os da Marvel, mas João já não tem mente infantil faz tempo. “Curto muito tiras de jornal”, declara. Desenhava com caneta bic. Com o tempo e incentivo do pai apurou a técnica, pegando informações com os amigos famosos até aprender a usar lápis próprio para desenho.

Gosto apurado, leituras cults, mas João Montanaro não deixa sua infância de lado, mesmo que em raros momentos. Gosta de jogar bola, sair com os amigos para o cinema e passear. Ao mesmo tempo, cita como leitura preferida Assasinatos na Rua Morgue, de Edgar Allan Poe e está lendo Leite Derramado, de Chico Buarque. Soa até irônico quando conta, ter sido proibido pelo pai de assistir Laranja Mecânica. “Ele disse que não próprio pra mim”, conta aos risos.

Para alavancar a carreira, João pretende participar este ano do Salão de Humor de Piracicaba, previsto para o segundo semestre. “Pretendo seguir com os desenhos, estudar arte. Quem sabe um dia Laerte vem pedir meu autógrafo!”, brinca.

Blog Por João: http://porjoao.blogspot.com

Confira algumas tiras